Um adolescente alemão que também emigrou com seus pais para Moscou nos primeiros anos da ditadura nazista, voltou para a Alemanha durante os últimos dias da guerra, o Exército Vermelho como um segundo tenente. De volta ao velho país, tentando encontrar respostas para as suas perguntas sobre o passado e o presente.
Legítima pérola não só do cinema germânico como do mundial, Ich War Neunzehn “Eu tinha 19 anos” propõe uma linguagem formal audaciosa para refletir sobre a ressaca moral da Alemanha diante das consequências do final da 2ª Guerra Mundial. Apesar de ser uma obra ficcional de cunho fortemente dramático, por vezes o filme evoca um estilo frio e distanciado, principalmente pela direção de fotografia e pela edição que enveredam pela estética documental. O resultado dessa forma de filmar acaba tendo um efeito contundente sobre o espectador – o diretor Konrad Wolf não busca a empatia sentimental, realçando mais a sensação de incômodo e vergonha de um povo diante de um passado recente marcado por atitudes monstruosas e trágicas. Mesmo quando a produção envereda para a ação envolvendo algumas poucas batalhas campais, o registro visual é reflexivo; a violência de tiros e mortes não é banalizada, com cada disparo de fuzis ressoando um impressionante impacto sensorial. E se a 2ª Guerra Mundial foi um dos fatos históricos que mais serviu como pano de fundo para produções cinematográficas dos últimos 80, “Eu tinha dezenove anos” se apresenta como avis rara diante de um gênero tão marcado pelas obviedades.
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